o barro
toma a forma
que você quiser
você nem sabe
estar fazendo apenas
o que o barro quer.
Paulo Leminski
Uma das modalidades artísticas mais antigas do mundo é a cerâmica. Não se sabe exatamente como, mas o ser humano descobriu muitas potencialidades ao modelar um pedaço de argila (na realidade, uma massa composta de inúmeros elementos, dentre os quais um deles é a argila, mas comumente nos referimos a esse todo como argila) e desenvolver objetos utilitários e/ou decorativos. Só no Brasil há uma grande diversidade de artistas ceramistas, desde a produção dos povos originários até artistas contemporâneos.
Com o objetivo de aproximar os educandos do 3º ano desta modalidade para compreenderem também o que é ser um artista que trabalha exclusivamente com cerâmica, a ceramista Patrícia Henriques foi convidada a mediar a vivência. Nesse encontro, a curiosidade foi instigada:
“Como é um forno por dentro? Se é de ferro, ele não derrete com essa temperatura?”
“Você é famosa?”
“Nossa, mas isso tudo é muito bonito!” (um aluno ao manusear uma peça de cerâmica do povo Wauja)
“Como surgiu a cerâmica?”
Essas, dentre muitas outras perguntas e observações foram feitas. E a cerâmica trouxe muitos aprendizados para a geração que vive no imediatismo das redes sociais. Eles se deram conta da importância de respeitar um processo que leva tempo. A argila precisa ser modelada, alisada e depois passar por um tempo de secagem antes de ir para a queima. Vimos alunos sabendo trabalhar com o aqui e agora – a terra é sábia e sabe conversar com as pessoas pelo toque das mãos. Percebemos também o quanto às vezes foi difícil lidar com o pensamento tridimensional e ter as primeiras tentativas de modelar argila frustradas.
Essa vivência foi importante por proporcionar e fazê-los conhecer um pouco a profissão de uma artista ceramista que tem macetes e conhecimentos construídos em 30 anos de experiência. Os alunos também tiveram uma pequena dimensão de como Patrícia sobreviveu durante a pandemia, quando precisou intensificar a venda de suas obras pela Internet e teve que encerrar, temporariamente, o trabalho com as turmas dos cursos de cerâmica.
Temos a certeza de que todos os que participaram desta vivência foram transformados – artista, alunos e professoras – assim como a argila que é moldada para ser aquilo que ela quer ser, parafraseando o poeta Paulo Leminski.
Thaís Hércules, professora de Arte
Beatriz Farias, auxiliar de classe