No ambiente escolar sempre acontecem conflitos entre os alunos, pois é um espaço coletivo privilegiado para o aprendizado das relações sociais. A forma como são mediados esses conflitos define a formação moral a qual a escola se propõe.
A Assembleia de Classe é um espaço periódico de vivência democrática em sala de aula que tem como objetivo o exercício da discussão, argumentação, proposição e decisão a respeito dos desafios e conflitos presentes no cotidiano. Por meio dela é possível criar um ambiente propositivo na escola, no qual os estudantes utilizam o diálogo e a negociação como principais formas de resolução de conflitos e consequentemente a prevenção e o combate ao bullying.
Os protagonistas desse processo são os estudantes, que atuam diretamente na organização e participam ativamente do processo de regulação e resolução a partir dos temas trazidos pelo grupo.
Espaços como esse, na escola, possibilitam o exercício da autonomia, da escuta atenta e da resolução de conflitos por meio do diálogo, compartilhando descontentamentos e desconfortos para que, juntos, os alunos possam mudar atitudes visando uma cultura de paz.
Por meio de cartazes, organizados em CURTI e NÃO CURTI os estudantes dos 3°, 4° e 5º anos reúnem os assuntos que serão tratados na pauta do dia criticando, aprovando e sugerindo alternativas para o assunto em questão.
Os cartazes permitem um contraponto entre si, pois os estudantes conseguem detectar pontos positivos e negativos de uma ou várias situações e são provocados a pensar em alternativas e proposições. Eles ficam visíveis no mural da sala e os estudantes já se preparam para a assembleia ao longo da semana.
No dia os responsáveis reúnem todas as anotações feitas e montam uma pauta de discussão, com tempo programado para cada uma de acordo com a duração da assembleia (uma hora/aula). Três estudantes diferentes assumem as tarefas da assembleia em cada encontro: um é responsável por regular e orientar as discussões, outro organiza a ordem das participações anotando na lousa o nome de quem levanta a mão para participar e ter seu momento de fala e o último anota os principais pontos discutidos. Em nenhum momento os temas são tratados de forma a expor, vitimizar ou culpabilizar as crianças, mas sim para criar um ambiente de diálogo e corresponsabilidade coletiva, com respeito e ética, visando à melhoria das relações e interações.
Ao final da reunião, o grupo sugere um combinado para resolver as questões debatidas. Esse registro consolida o que foi discutido, se tornando a memória da reunião como um compromisso acordado entre todos os participantes. É sempre importante retomar os combinados da assembleia anterior e analisar se estão acontecendo. Todos os trabalhos são acompanhados e mediados pelas professoras.
A assembleia é um espaço democrático cotidiano e de grande importância para a formação moral e ética dos estudantes, que aprendem a resolver seus conflitos de forma positiva. A escuta atenta das necessidades do outro e a negociação sobre suas próprias necessidades permitem aos estudantes se colocar no lugar do outro e buscar um denominador comum, que esteja focado no bem comum, para que haja ganhos coletivos nessa resolução.
Para uma sociedade democrática e pacífica é necessária a vivência de práticas democráticas pelas crianças desde muito cedo.
Professoras Lucia Helena Ap. Alves, Mirella Santos e Liliane Maria Oliveira
