Jania Nascimento, Professora de Apoio de Educação Especial, iniciou seu trabalho no Emilie este ano com um momento de formação para nossos educadores e nos fala sobre a importância destes momentos de informação e sensibilização:
O capacitismo acontece muitas vezes sem que a pessoa se dê conta do impacto desta atitude, porque essas falas nunca haviam pedido ajustes antes.
É muito comum dizer, por exemplo, “você parece que é cega”. Isso é colocar uma pessoa que não tem a deficiência no mesmo patamar de alguém que a tem. É uma discriminação usar a deficiência ou transtorno de alguém de forma pejorativa, “tirando um sarro”, fazendo graça e ignorando todas as implicações e histórico do deficiente.
Falas como “Você está louca?” são comuns e as repetimos, ofendendo as pessoas que possuem algum quadro diagnosticado. Isso menospreza a diversidade e coloca as pessoas sem deficiências em um pressuposto lugar de superioridade.
Promover mudanças é complicado porque estes conceitos são estruturais, estão enraizados e vemos a retaliação de movimentos de combate aos diversos tipos de preconceito.
Sou mãe de uma criança com deficiência e acredito que principalmente para nós, no âmbito da educação, é preciso acreditar na mudança agindo desde a base, com as crianças bem pequenas.
Proporcionar estes momentos de formação para os profissionais é indispensável. Mas também é preciso contar com a parceria das famílias para vermos as transformações dentro da sala de aula. Precisamos juntos contribuir para o desenvolvimento cidadãos formadores de opinião que tenham um olhar compassivo, acolhedor e empático.
A imprevisibilidade da vida nos coloca em uma posição de não termos certeza sobre a possibilidade de não termos uma deficiência hoje, mas termos outra condição futuramente.
Não acho que exista “culpa” nas atitudes capacitistas. Acho que existe desinformação. E por isso vamos trabalhar para mudar este cenário!
