icone whatsapp

Vivências em gravura

Vivências em gravura

Uma educação pela madeira, por missão; Esta se dá aos cortes lentos, calmos, através de séculos;

Para aprender da madeira, habitá-la. Resgatar seu grito, estrondoso e passivo (pela de ficção, começa as aulas).

A lição de buril, sobrevivência

Ao que entalha, estanca, recorta e ri

a pele morta desta senhora;

pelo ferro velho, a mão antiga,

Um contrário de desenho.

Lições da madeira (de fora para dentro, Cartilha cega), para quem puder olhar. Outra educação pela madeira, o sertanejo (de dentro para fora, pós-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, por isso existe a madeira:

a madeira é símbolo:

e a imaginação, matriz.

E uma xilogravura de nascença inventa a alma.

Este nos é o sertão

ou parece ser tão de madeira.

Pois onde seria violência,

vemos escultura.

Fernando Chui de Menezes

 

A gravura é experimentada por artistas ao longo de mais de 15 séculos. A grosso modo, a gravura consiste em usar uma superfície como base onde depois serão realizadas as reproduções da imagem feita nessa base. Na arte contemporânea é bastante desenvolvida pelas suas múltiplas possibilidades de aplicações. Na arte-educação permite ao educando conhecer outras maneiras de desenvolver poéticas no suporte bidimensional e de entrar em contato com uma produção artística riquíssima que vai desde as gravuras japonesas até os famosos cordéis, populares no Nordeste do Brasil.

 

Vivências em gravura: uma introdução com a monotipia

 

Como forma de introduzir o universo da gravura, os educandos do 4º ano conheceram a técnica da monotipia, que foi desenvolvida a partir do século XVII e permite desenvolver a linha, o uso de manchas e a gestualidade. Como sugere o nome, a monotipia fornece uma cópia única. Durante as aulas foram usadas como base placas de vidro que foram entintadas com rolo e tinta específicos para gravura. Nessas placas os alunos colocaram o papel e desenharam com lápis por cima.

 

E se encantavam à medida que exploravam cores distintas de tinta e os efeitos surpreendentes que as impressões deixavam no papel. Ao longo da aula realizaram várias impressões, usando papéis de diferentes cores. Com a monotipia eles já estavam preparados para o que viria na aula seguinte.

 

Conheça o artista – Luciano Ogura

 

Luciano Ogura é formado em arquitetura pelo Mackenzie mas transformou sua paixão, a gravura, em profissão. Com cerca de 25 anos de experiência, Luciano faz xilogravuras em diferentes tamanhos e temas e já realizou exposições no Brasil e exterior.

 

Como parte do projeto Conheça o artista, que já trouxe a ceramista Patrícia Henriques para uma vivência com o 3º ano, Ogura compartilhou com os educandos um pouco da sua trajetória e fez uma rápida demonstração do processo de realização de uma xilogravura, a gravura em madeira, mostrando as etapas, os instrumentos e materiais utilizados.

 

No entanto, como a xilogravura usa goivas, que são instrumentos cortantes, optamos por trabalhar com a técnica da isogravura, que substitui a placa de madeira por uma bandeja de isopor (reutilizando este material). No lugar das goivas, os educandos usaram lápis que, com o contato com a superfície mais flexível do isopor, acabam por deixar o desenho em relevo. O processo de impressão é parecido com a xilogravura: com um rolo passa-se uma fina camada de tinta e a partir daí podem ser feitas as impressões.

 

Assim como foi com a monotipia, os educandos ficaram encantados ao verem as primeiras impressões saindo e fizeram várias reproduções a partir da mesma matriz. Ao final de cada vivência, alguns sortudos foram sorteados e ganharam gravuras feitas pelo próprio artista!

 

O contato com um profissional das artes permitiu que os alunos ampliassem as noções do que faz e como sobrevive um artista no Brasil, além de entrarem em contato com conhecimentos e técnicas que contam tanto sobre quem somos nós.

 

 

Thaís Hércules, professora de Arte

Beatriz Farias, assistente de Arte

Notícias Relacionadas